terça-feira, 3 de agosto de 2010

Aborto - é Fantástico!

O uso de um meio de comunicação social como a televisão para fazer a apologia explícita ao aborto pode ser considerado crime (conforme o art. 287 do Código Penal Brasileiro, que prevê pena de detenção de 3 a 6 meses, ou multa, para quem faz apologia ao crime), já que o aborto é crime no Brasil (conforme os artigos 125 e 126 do já citado Código Penal).
Por isso a Rede Globo, na reportagem de seu programa dominical chamado Fantástico, ontem (1o/08/2010), não propôs, em momento algum, que se legalizasse o aborto no Brasil ou sequer argumentou favoravelmente ao aborto como solução (!) para os problemas relacionados com a saúde da mulher em nosso país.

Mas insinuou tudo isso, pois mostrou alguns dos "açougues" de última categoria em que mulheres matam seus filhos nas piores condições de higiene e segurança. E os "açougueiros" de plantão (médicos, enfermeiras e recepcionistas) demonstraram não dar a mínima importância a isso, contanto que recebam o dinheiro que cobram pela "carnificina". Mas o que se poderia esperar de um médico que não se importa em matar uma criança? Que se importe com a saúde da mãe dessa criança?

A Rede Globo insinua, com a reportagem, que legalizar o aborto no Brasil "resolveria" o problema das internações (e eventuais mortes) causadas por abortos realizados sem condições mínimas de higiene e cuidados, pois evitaria a existência de tais clínicas.

Ora, isso é nos chamar a todos de estúpidos. Afinal, já não há leitos suficientes no SUS para atender aos problemas de saúde gerais da população; as pessoas precisam esperar meses na fila para conseguir uma consulta médica; em certos casos, mesmo quem está quase morrendo não é atendido. Como, então, seria possível realizar abortos em hospitais públicos, através do SUS? Quem faria o "milagre da multiplicação dos leitos"? Ou melhor, quem seria deixado sem atendimento para viabilizar uma internação para a realização de um aborto?

Além disso, pela deficiência no atendimento do SUS, as mulheres pobres ou de classe média baixa, que não poderiam pagar por um aborto em um hospital particular, continuariam recorrendo a clínicas baratas, agora com seu "negócio" legalizado. E continuariam morrendo ou tendo complicações graves, pela mesma falta de condições que hoje é denunciada pela televisão, revistas e jornais. Ou alguém acredita que, com a legalização, essas clínicas passariam a ser corretamente fiscalizadas? Qual é a fiscalização que funciona neste país?

Logicamente - e esse é, para mim, o ponto mais importante - ninguém pensou na vida dessas crianças. Matar uma criança - que, afinal de contas, é o que faz o procedimento de aborto - foi colocado pela reportagem como algo corriqueiro, tão justificado, necessário e normal quanto ir ao dentista. Matar uma criança que não nasceu (e que, portanto, já está viva, é uma pessoa humana, tem direito à vida, mas é incapaz de se defender e não está visível, diante dos olhos de todos) é o mesmo que "resolver um problema". De tudo o que foi explicitado na reportagem, esse é o ponto mais revoltante.

As estatísticas apresentadas são estarrecedoras: falam do número de curetagens em razão de abortos em um período de 13 (!) anos no Brasil sem diferenciar aborto espontâneo de provocado; sugerem que a mulher brasileira típica é aquela que aborta, embora não seja a maioria; falam que um percentual considerável de mulheres brasileiras já fez pelo menos um aborto na vida, mas o universo considerado foi somente o das mulheres que vivem nas grandes capitais, dando a entender que não há mulheres fora dos grandes centros urbanos...!

Quanto ao Conselho Federal de Medicina, tem uma posição no mínimo lamentável. Ao receber uma denúncia de que um médico está cometendo um ato ilegal no exercício da medicina, ao invés de cassar o dito médico, resigna-se a fazer uma advertência? Mas é preciso entender essa posição: há certamente médicos que fazem o mesmo que esses mostrados pela reportagem, porém em clínicas bem aparelhadas e caras, destinadas a atender uma parcela específica da população, que pode pagar pelo "serviço de açougueiro". Esses médicos não foram mostrados pelo Fantástico. Mas deveriam ser cassados também. Como o Conselho não tem nenhum interesse em cassá-los, limita-se a advertir os que lhe são denunciados, para não ser acusado de omissão.

Tudo isso é lamentável e triste.

Mas, legalize-se o aborto: será que a situação  da mulher vai mudar para melhor? Só os ingênuos, os desprovidos de qualquer senso crítico diante da "telinha" acreditam nisso. Os mal-intencionados de plantão querem é fazer crer que a "culpa" dos problemas da saúde feminina no Brasil é dessas crianças que não pediram para serem concebidas e estarem ali.




Por Daniela Gonzalez