01/06/2009 - 12h18
colaboração para a Folha Online
Enquete realizada pelo instituto Metroscopia para o jornal espanhol "El País" revela que 64% dos cidadãos não concordam com a proposta de reforma da Lei do Aborto feita pelo premiê, José Luis Rodríguez Zapatero. Se aprovada, a reforma irá descriminalizar a interrupção da gravidez e permitir que adolescentes entre 16 anos e 18 anos não precisem de autorização dos pais para abortar.
Zapatero afirma que a reforma impedirá que os pais "interfiram" na decisão das filhas. "Com a regra, preservamos uma situação excepcional. Trata-se de uma decisão íntima da mulher, pois ela terá a responsabilidade de uma gravidez por toda a vida."
Grande parte dos países europeus permite que as adolescentes abortem sem a permissão dos pais. No entanto, na Espanha, a reforma tem sido contestada pelos próprios socialistas do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Zapatero. Entre os socialistas, 56% são contra a reforma. Conforme o "El País", o mais preocupante, para o PSOE, é que mais da metade dos seus eleitores são contra o projeto. Entre os que votam no Partido Popular (PP), essa porcentagem sobe para 88%.
Na pesquisa, só 30% dos entrevistados disseram defender o aborto para adolescentes.
Na divisão por gênero, a proposta é quase tão rejeitada pelas mulheres (67%) quanto pelos homens (61%).
Em busca de consenso, deputados do PSOE pediram que a lei obrigue não o consentimento, mas o conhecimento paterno. Outros, como o presidente do Congresso, José Bono, deram a entender que preferem um texto mais leve.
O PP fez da reforma da Lei do Aborto --e, em especial, do debate acerca da permissão dos pais-- uma das bases de sua campanha ao Parlamento Europeu. O candidato popular, Jaime Mayor Oreja, se alinhou com a ala mais rígida da Igreja Católica.
Na enquete, realizada entre os dias 27 e 28 de maio com mil pessoas --por telefone--, o PP aparece 3,7 pontos à frente do PSOE nas eleições para o Parlamento Europeu de 7 de julho que vem.