Dr. Frei Antônio Moser
Assessor da CNBB para assuntos de Bioética
Hoje qualquer pessoa, por mais simples que seja, já ouviu falar de células-tronco embrionárias, e sobretudo das maravilhas que se espera obter por meio delas. Entretanto, é muito comum constatar nas conversas do dia a dia, até com pessoas um pouco mais instruídas, que nem todo mundo sabe do que está falando.E quando se vai mais a fundo, percebe-se que nem todos os que sabem do que estão falando medem o alcance de suas afirmações. Falam como se já houvessem desvendado todos os segredos e já fossem capazes de operar todas as curas de doenças até agora tidas como incuráveis. Isto apesar de os estudos nesta linha serem ainda muito embrionários.
Hoje as pesquisas com células adultas já oferecem boas perspectivas em termos de regeneração de tecidos e órgãos, enquanto pesquisas com embriões até hoje não apresentaram nenhum resultado convincente. Até pelo contrário. E no entanto, foram as células embrionárias que se tornaram as vedetes de todas as discussões. E os argumentos para a liberação de pesquisas com embriões se fundamentam sempre numa mera hipótese: que elas seriam portadores de poderes extraordinários.
Em fins de maio deste ano de 2008 , depois de acalorados debates, o Supremo Tribunal Federal, por um voto apenas, liberou tais pesquisas, ainda que com muitas restrições.
Os defensores de experiências com embriões não só vibraram, como procuraram humilhar os que se colocavam na posição contrária. Tudo em nome da ciência e dos poderes milagrosos das células de embriões. Agora é o momento de recordar um antigo ditado, provindo do tempo das primeiras olimpíadas ocorridas na Grécia. Alguns atletas da ilha de Rodes chegavam alardeando maravilhas que faziam em sua terra. Mas, na hora H, acabavam fazendo feio. Por isto mesmo eram objeto de chacotas: "mostrem aqui e agora o que vocês dizem que fazem lá".