terça-feira, 27 de maio de 2008

Carta ao STF

"No meio do caminho da ciência tinha uma vida
tinha uma vida no meio do caminho da ciência
tinha uma vida
no meio do caminho da ciência tinha uma vida"

Parodiando Drummond, ilustres senhores e senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal do Brasil, não permitam que a ciência pisoteie a vida que agora se encontra no meio do seu caminho. Que a ciência não apenas desvie, mas recolha e acolha esta vida no meio da sua estrada; repare que antes de existir para sí mesma, existe para todo o homem. Que não caminhe cegamente. Que não feche os olhos para o fato indiscutível da vida presente no embrião humano, e se recorde de que avanço sem ética, sem moral, é regresso, é involução.

Nesta quarta-feira próxima, que vossas ilustres mãos possam guiar e orientar a ciência para seu verdadeiro fim, que é servir a humanidade e não se servir de uma parte dela, ainda que não nascida, mas muito real e presente, pelo motivo que for. Que vossas indicações portanto sejam fruto de um consciente e reto senso de justiça, honestidade intelectual e amor pela verdade. Que a Convenção Americana de Direitos Humanos, art. 4, I – onde se expressa à proteção da vida desde a concepção, dentro ou fora do útero materno, anexado aos nossos direitos constitucionais, seja para vós sustentáculo, fortaleza e baluarte de vossas mais profundas convicções. Que ela vos ajudem a defender aquela fase da vida humana que um dia também todos nós fizemos parte e da qual nenhum adulto vivente escapou. Também vos dê luzes para discernir a diferença abismal entre uma vida humana em ato e um adulto em potência de um morto cerebralmente e um cadáver em potência.

Da tinta de vossas canetas verterá uma história que não poderá ser apagada. Se tratará de avanço da ciência? Sim. Se tratará de avanço da medicina? Sim. Mas também se tratará de quem estava no meio destes caminhos: a vida humana, o direito de viver, a ética e a moral.

Se há, e há, uma vida humana no meio do caminho da ciência, que nossos esforços se voltem para as outras infinitas possibilidades de pavimentação que levem a medicina ao mesmo fim, (como as pesquisas com células-tronco embrionárias encontradas no líquido amniótico, no cordão umbilical, nas células-tronco adultas reprogramadas) e que não passem por cima de ninguém.

Que o desejo expresso de 98% da nossa população brasileira não apenas faça eco neste dia, mas também impeça que o parecer do senhor ministro relator crie uma jurisprudência pró-aborto durante os nove meses de gestação que a nós, não interessa em absoluto.



Opinião, Cultura da Vida