sexta-feira, 14 de março de 2008

A verdade sobre as células embrionárias contra as mentiras divulgadas

Dra. Alice Teixeira Ferreira*

Eis a lista de mentiras que divulgam:

1) A Igreja é obscurantista e impede o desenvolvimento da ciência:

A verdade é que querem acabar com a única instituição que defende o ser humano desde o inicio de sua vida que se dá na concepção até sua morte natural. Que o início da vida humana se dá quando o espermatozóide fecunda o óvulo já foi demonstrado em 1827 por Karl Ernst van Baer. Não é dogma da Igreja pois somente com o acúmulo de evidencias sobre este FATO é que o Papa Pio IX em 1869 propôs que era dever da Igreja defender o embrião humano desde a concepção. A embriologista Magdalena Zernica-Goetz mostrou que a primeira divisão do zigoto não se dá por acaso, "ela já define o nosso destino".

Nature Reviews Molecular Cell Biology, (2005), vol.6, (12): 919-928.
Embriologia e Karl Ernst von Baer na Wipedia.
Embriologia Clínica Moore e Persaud.
Los quince primeros dias de uma vida humana. Natalia López Moratalla e Maria J. Iraburu Elizalde.

2) As células embrionárias humanas são pluripotentes e vão salvar vidas.

A verdade é que estas células não apresentam divisão assimétrica como as células-tronco. Elas são imortalizadas e são semelhantes às células cancerígenas; multiplicam-se rapidamente e quando se diferenciam logo morrem, não se renovando. Elas não se fixam nos nichos das células-tronco adultas presentes no organismo. Os corpos embrioides injetados são rejeitados imunologicamente e se injetados em animais imunossuprimidos geram câncer de caráter embrionário. Por isto você não dispõe do exemplo de uma vida, mesmo de roedores, que tenha sido salva com estas células.

JL Sherley. Cell Proliferation, (2008), vol.41, Supplement1: 57-64.

3) As células embrionárias pode se transformar em todos os tecidos.

A verdade é que você assume isto baseado no desenvolvimento embrionário, mas tal fato não foi demonstrado até hoje por problema metodológico: não existe uma tecnologia que permite distinguir todos os tipos de células do organismo humano. Eu trabalho com culturas de células há 20 anos e enfrento este problema corriqueiramente.

CP McGuckin e N Forraz. . Cell Proliferation, (2008), vol.41, Supplement1: 31-40

Neste artigo McGuckin demonstra a pluripotência das células-tronco do sangue de cordão conseguindo observar a sua transformação em células nervosas. Fato também demonstrado por Prof. Dr. Paul Sanberg.

PNAS, (2007), vol.104: 11869-11870.

4)As células embrionárias tem como fonte única o embrião que necessita ser estourado para se obter sua massa celular interna.


A verdade é que existem outras fontes destas células: o líquido amniótico, as espermatogônias e oogônias que a PrimeCell consegue reverter para o estado embrionário e agora as iPSCs desenvolvidas por Dr. Yamanaka. Outra verdade é que este cientista, que eu conheço pessoalmente, diz que as informações necessárias para obter as iPSCs foram obtidas de células embrionárias de CAMUNDONGO. Numa entrevista ele relatou que "Numa clínica de reprodução assistida, ao observar num microscópio um embrião humano, tive mudada a minha carreira científica. Quando vi o embrião, de repente compreendi que havia muito pouca diferença entre ele e minhas filhas. Eu pensei, nós não podemos destruir embriões humanos em pesquisa. Tem de haver uma outra maneira de estudar as células embrionárias".

The New York Times, Dec 11,2007

Dr. Yamanaka obteve as informações sobre os fatores de transcrição que regulam a multiplicação e diferenciação de células-tronco embrionárias estudando embriões de camundongos.

S. Yamanaka. Cell Proliferation, (2008), vol.41, Supplement1: 51-56.

5) Embriões humanos congelados por mais de 3 anos vão para o lixo pois não geram uma pessoa.

A verdade é que tem embrião humano congelado por até 13 anos que resultou numa criança saudável. São vários os exemplos que podem ser encontrados em http://www.youtube.com/watch?v=Pf9dI3UdWq0

Ao descongelar já é possível identificar se as células estão boas. Se estiverem vacuolizadas estão em processo de morte e não serve para nada pois não se obtém cultura de células mortas.

6) Querem comparar o embrião na fase de blastocisto com o paciente descerebrado do qual se colhe os órgão para transplante.


A verdade é que o embrião contem o programa completo para gerar não só seu cérebro como todos os demais órgãos, o que não ocorre com a morte cerebral que é irreversível.

Acredito que os que querem fazer pesquisa a partir de células arrancadas de embriões humanos sabem tudo isto, o que torna vergonhosa a sua posição: escondem os fatos e agridem quem quer revelá-los.

Aproveitam para atacar a posição honesta e racional da Igreja com sua ideologia "racionalista". Só tenho a lamentar o fato de que a ciência brasileira tenha tais "cientificistas" que se põe como seus "defensores".

QUE VERGONHA!

*Dra. Alice Teixeira Ferreira, é médica formada na Escola Paulista de Medicina em 1967, Doutorada em Biologia Molecular em 1971, pos-doc na Research Division da Cleveland Clinic Foundation, EUA, Livre Docente da UNIFESP/EPM.